Agenda Imagens do Povo

14 de jan. de 2010

A Capoeira de Thamiris Maciel


O autor

Thamiris Maciel é a caçula da turma da Escola de Fotógrafos Populares de 2009. Com apenas 15 anos, moradora na Vila da Penha, Thamiris pratica lutas desde a infância (Capoeira, Jiu-jitsu, Muay thai) e ano que vem participará do campeonato estadual de Muay Thai. Seu primeiro contato com a fotografia foi através de sua irmã Giu, que também é aluna da EFP e a indicou para que se inscrevesse na turma desse ano. Desde então, Thamiris se apaixonou pela fotografia e hoje já faz cobertura fotográfica de alguns eventos e faz planos de se tornar uma fotógrafa documental.

Meu projeto:

O nome do projeto é Capoeira Capoarte. Nele acompanho um grupo de Capoeira Angola lá da Vila da Penha - no qual eu já participei e hoje minha irmã gêmea Thamara ainda participa -, fotografando as rodas e os treinos. Escolhi essa tema pois me identifico muito com a capoeira de Angola, que tem seus movimentos mais lentos, é jogada mais no chão. Além do mais, capoeira é Brasil, gosto muito da minha nação. Todo mundo é capoeira, por mais que não goste.
Ao realizar esse projeto, pretendo divulgar mais a cultura da capoeira, desassociar desta imagem agressiva que as pessoas fazem dela, mostrar que o jogo tem muito chão e, quem sabe assim, tentar diminuir com o preconceito a respeito desse tema.
Veja a galeria com as fotos do projeto Capoarte da Thamiris

13 de jan. de 2010

Mere Lee e o Skateboarding

Entrevista por Alexandre Silva

O autor


Rosemere Araújo, a Mere Lee, tem 18 anos e nasceu na comunidade da Nova Holanda, na Maré, onde mora até hoje. Mere, que desde a infância já despertara o interesse em fotografar, teve seu primeiro contato com as técnicas fotográficas em 2005, nas oficinas de Pin Hole, ministradas pelo Bira na sede do Observatório de Favelas. Desde então, o interesse aumentou, o que a levou a se inscrever no curso da Escola de Fotógrafos Populares neste ano de 2009. Ao concluir o curso, a intenção de Mere é cada vez mais aprimorar sua técnica e investir numa carreira profissional de fotógrafa.


O projeto


O nome do meu projeto é Skateboarding e nele documento a prática do skate na rampa da Nova Holanda, na Maré.
Quando eu era mais nova, praticava o esporte aqui na comunidade também, mas o medo de descer a tal rampa fez com que eu deixasse um pouco o skate de lado. Quando então tive que escolher um tema para o meu projeto final do curso, pensei nos contatos que eu já tinha com uma galera que anda de skate aqui na Maré e resolvi documentar as dificuldades - principalmente de infra-estrutura - enfrentadas por eles ao praticar o esporte aqui na comunidade. O que mais me impressiona é como eles conseguem manter esse hobby com tanta dificuldade para praticá-lo. Para eles não tem tempo ruim; eles improvisam obstáculos com caixotes, restos de guarda-roupa, pedaços de madeira. No meu projeto eu abordo essa temática a partir de um personagem principal, que é o Anderson, conhecido como Neguinho, que tem 28 anos e que conheci após começar a desenvolver esse meu tema. O Neguinho é uma pessoa muito gente boa, além de ser um dos mais – senão o mais – antigos praticantes de skate na rampa da Nova Holanda.
Pretendo com esse projeto, principalmente, denunciar a precariedade da infra-estrutura que os praticantes de skate enfrentam na comunidade, para, quem sabe, eles recebam melhorias e melhores condições para poder desenvolver esse hobby que é andar de skate.


Veja a galeria de fotos do projeto da Mere.

12 de jan. de 2010

Willian e os B-Boys

Entrevista por Alexandre Silva

O autor


Willian de Oliveira tem 18 anos e durante todo esse tempo morou na comunidade Nova Holanda, no Complexo de Favelas da Maré. Professor de break desde 2007 e este ano monitora a oficina de hip hop no espaço Redes (Rede de Desenvolvimento da Maré). Willian sempre esteve ligado à dança. Começou na música pop e depois se interessou pela cultura do hip hop, o que o levou a praticar as oficinas de break no antigo CEASM (atual REDES). Hoje, participa de alguns grupos de dança, com os quais viaja pelo Brasil e já ganhou campeonatos de break aqui no Rio. O contato com a fotografia veio por acaso, já que ele mesmo revela que não tinha muito interesse até começar o curso na Escola de Fotógrafos Populares, indicado por um amigo. Hoje ele se divide em duas paixões: a fotografia e a dança, sem conseguir escolher sua preferência.
O projeto

O nome do meu projeto é B-Boy - Os garotos que dançam na quebrada da música, e nele eu pretendo mostrar a versatilidade dos meninos que praticam break aqui na comunidade da Maré. Com o meu projeto tento acabar com o preconceito das pessoas aqui da comunidade - de maneira geral também – que associam a cultura hip hop com a marginalidade. Pra se ter idéia, na oficina que eu dou lá no Espaço Redes, várias mães proibiram seus filhos de irem às aulas, o que, na maioria, acabou entregando eles ao crime e às drogas.
Estou documentado o dia-a-dia de dois B-Boys: o Weber, que, além de dançar break, também é cozinheiro, e o Felipe, que também pratica a arte do grafitte. Os registros vão desde as suas apresentações nos espaços de hip hop na Maré (Sobradinho, na Vila do João, e Tekno, no Parque União) passando por suas atividades paralelas, suas famílias, amigos.
Espero assim, mostrar a comunidade da Maré através da figura do B-Boy, que também tem seus sonhos, seus ideais.
Veja fotos do projeto de Willian Nascimento na nossa galeria virtual.

11 de jan. de 2010

Tripalium, por Chapolin

Entrevista por Alexandre Silva

O autor


Dalton Veiga dos Santos, mais conhecido como Chapolin, tem 27 anos e há 3 anos mora numa ocupação da Zona Portuária do Rio, chamada Flor do Asfalto.
Chapolin está envolvido em movimentos de ocupações desde o Chiquinha Gonzaga (referência de ocupação aqui do Rio, que fica na região da Central), há 7 anos atrás e
também participa de atividades de reciclagem e reaproveitamento de materiais e alimentos, que garantem a sustentabilidade da comunidade onde vive.
Descrente do sistema de trabalho utilizado pela sociedade atual, Chapolin se considera um Anarcopunk - que tem sua filosofia baseada na expressão “Faça você mesmo!” - e desenvolveu um meio de sobrevivência independente, publicando suas produções literárias, pinturas e colagens e que têm sua divulgação feita na rua, propondo a aquisição desses produtos através de troca, da forma de escambo. Essa sua vivência com formas alternativas de trabalho foi decisiva na escolha do tema do projeto que está desenvolvendo para a conclusão do curso de fotografia da Escola de Fotógrafos Populares.


O projeto


Meu projeto tem o nome de Tripalium, que significa o instrumento de tortura escrava composto por três paus e origem da palavra trabalho.
Para o projeto, tenho fotografado trabalhadores da construção civil e, contrapondo a esse sistema de trabalho que considero injusto, estou fotografando também os malabaristas de sinal que ficam mangueando (que na origem popular da palavra significa correr atrás do próprio sustento à margem de uma estrutura) pelas ruas do Rio.
Uma vez, numa aula do Dante na Redes (Rede de Desenvolvimento da Maré), vi exposta num quadro a estrutura de uma pirâmide que indicava que 2% da população era da burguesia e 40% de trabalhadores. Fiquei imaginando aonde estaria o resto dessa grande parcela da população “ociosa”. Essa indagação produziu em mim um start e pensei que poderia relacionar essas faixas da pirâmide através do contraponto das formas de trabalhos que eu identificava ao ver vários serviçais da construção civil, uniformizados, completamente iguais, os malabaristas do sinal e a figura do patrão, normalmente associada à imagem da caneta.
Então, ao desenvolver esse meu projeto, penso em como posso melhorar todas as minhas formas de linguagem, minha comunicação, e valorizar um grupo de pessoas que é casa vez mais marginalizado, além de desconstruir e indagar sobre essa forma primitiva de trabalho.


Veja a galeria virtual com algumas fotos do projeto do Chapolin




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