Agenda Imagens do Povo

22 de jan. de 2010

Caiçarice, por Naíma




O autor


Desde muito cedo, Naíma Santos revelava seu pendor pela arte. A jovem moradora do bairro São Francisco Xavier já cursou a Escola Nacional de Circo, fez aulas de teatro e se formou na faculdade de Artes Dramáticas em 2008 (como atriz Naíma também já participou dos filmes Cidades dos Homens e Show de Bola).
O primeiro contato que teve com a fotografia foi quando prestou assistência a um fotógrafo, ex-namorado seu, e participou da curadoria da exposição dele no FotoRio 2008, na Casa de Cultura do Méier. Com o interesse cada vez maior pela fotografia, Naíma chegou à Escola de Fotógrafos Populares através da indicação da amiga e fotógrafa Adriana Medeiros, que é ex-professora da Escola.
Hoje, com 24 anos, se formando na EFP, Naíma sonha alto com a fotografia e pretende levar adiante seu projeto de documentar a vida dos Caiçaras.


O Projeto

Caiçarice

Caiçara é uma palavra de origem tupi que refere-se aos habitantes das zonas litorâneas formadas principalmente no litoral do Estado de São Paulo. Também existe a "cultura caiçara" no litoral paranaense e litoral Sul do Estado do Rio de Janeiro. Inicialmente designava apenas a indivíduos que viviam da pesca de subsistência.
Fonte: Wikipédia



Quando os professores informaram que teríamos que escolher um tema para realizar um projeto de conclusão de curso na Escola, comecei a fazer uma lista de possíveis temas para eu desenvolver. Na lista tinha mais de 20 possíveis temas. A medida que o tempo foi passando, fui desistindo de alguns deles e no final fiquei com um dilema, restaram apenas dois temas para eu escolher. O que pesou na escolha dos Caiçaras foi a indicação do Ripper, que me desafiou a realizar este projeto tão difícil. Na verdade, eu imaginava que seria difícil mesmo, mas não imaginava o quanto.
Eu já tinha visitado algumas vezes a praia de Martim Sá, Litoral Sul do Rio, região onde vivem alguns Caiçaras, e já conhecia a família Remédios, personagens principais da minha documentação. Só que para desenvolver o meu projeto, tive que fazer mais visitas ao local. Aliás, as idas à Martim Sá foi uma das dificuldades do projeto. Além da distância, as viagens custavam caro e eu tinha que me desdobrar para bancar os custos. Outro problema foi o equipamento; as máquinas digitais da Escola não poderiam ficar ausentes tanto tempo e então tive que fotografar com filme. Eu não tinha contato nenhum com esse tipo de câmera e minha colega de turma Giu disse que me dava umas dicas para eu começar a fotografar o projeto. Fiz meu projeto todo com uma câmera emprestada pelo Ratão (Ratão Diniz é ex-aluno da EFP) e ia revelando os filmes aos poucos, conforme pintava a grana. Até que eu me apaixonei por esse tipo de fotografia.
Posso resumir que meu projeto é uma forma pretensiosa de tentar desvendar o que é ser Caiçara. Não consegui, é claro. Sempre me interessei pelo estilo de vida de pessoas que vivem longe do cotidiano das cidades, de uma forma mais simples, com poucas preocupações. Desta forma, o projeto aliou duas paixões minhas: a fotografia e a vida simples dos Caiçaras.
Hoje posso dizer que me considero uma amiga da família Remédios e minha intenção é continuar fotografando a vida dessas pessoas que tanto me encantam.


Veja as fotos do projeto da Naíma na nossa galeria virtual.


As janelas de Emerson



O autor


Emerson Alves tem 18 anos e é morador da comunidade da Grota, no Complexo do Alemão. Emerson chegou na Escola de Fotógrafos Populares através do amigo e ex-aluno da Escola, Rodrigues Moura, interessado na oportunidade de aprender um ofício que lhe garantisse um bom futuro profissional. Com o decorrer do curso, Emerson diz que, além das técnicas fotográficas, ele se apaixonou também pela ideologia do projeto.
Hoje, o aluno já fotografa com equipamento próprio, que ele paga com os primeiro trabalhos em cobertura de alguns eventos.

O projeto


Outras Janelas

Meu projeto consiste em mostrar as visões dos espaços populares através das metáforas da palavra janela. Cliquei, além das visões das próprias janelas da comunidade onde moro, imagens que me lembravam a idéia de perspectivas. Foram olhares, sorriso de uma criança banguela, expressões...
Para a escolha do tema, usei de uma lista feita pela minha colega da turma Naíma, onde ela anotava alguns possíveis temas para se desenvolve em fotografia. Quando bati o olho na palavra janelas, imediatamente sabia que aquele seria meu tema.
Minha principal dificuldade era a autorização de fotografar na comunidade onde moro, na Grota. Acho que o pessoal lá não tem tanto contato com a fotografia e isso dificulta a abertura para fotografar dentro das casas das pessoas.
Com a conclusão do curso aqui na Escola, quero seguir com o meu projeto, descobrindo o que mais posso inventar em relação a esse tema. Minha principal intenção é mostrar as favelas por uma perspectiva diferente, sob meu ponto de vista.

21 de jan. de 2010

A liberdade por Evelyn Gomes



O autor


Evelyn Gomes, 20 anos, se encontrou com a fotografia dentro de uma unidade do DEGASE (Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas) no Rio de Janeiro. Egressa do sistema penal, Evelyn teve a oportunidade de aprender técnicas fotográficas no projeto Significando Vidas, com os professores Fábio Caffé, Davi Marcos e Francisco Valdean (ex-alunos da Escola de Fotógrafos Populares e hoje colaboradores do projeto). Esse foi o primeiro passo para Evelyn, que está se formando na EFP e hoje monitora a mesma oficina na qual fez parte e que foi responsável por despertar a paixão da jovem pela fotografia.

O projeto


Jovens Cumprindo Medidas Sócio-Educativas no Degase.

No início eu estava bem indecisa quanto ao meu tema. Pensei em fazer sobre os meninos de rua, mas estava sem tempo para poder ir visitar ONGs e me aprofundar no assunto. Alguns outros temas passaram pela minha cabeça mas nenhum deles levei adiante. Então resolvi aliar meu projeto a uma realidade bem próxima a minha; comecei a documentar o cotidiano de detentos de uma unidade penitenciária de regime fechado, a Cai-Baixada, em Belford Roxo (RJ). Durante o desenvolvimento do meu projeto tive muitas dificuldades para poder registrar o dia-a-dia de quem está preso; me permitiram fotografar apenas os dias de visitas. Comecei então a fazer amizade com alguns detentos, suas famílias, amigos, o que facilitou para eu conseguir realizar a minha proposta de tentar capturar nas fotos os sentimentos, o lado humano, as histórias de quem está privado da liberdade, na intenção de sensibilizar as pessoas para uma realidade pouco conhecida ou ignorada por quem nunca passou por ela.
Hoje percebo que a fotografia me deu tudo. De volta à liberdade, pretendo continuar ajudando as pessoas a encontrarem algo que lhes dêem dignidade e o retorno da vontade de viver.
Veja a galeria virtual com as fotos do projeto da Evelyn Gomes.

19 de jan. de 2010

Francisco e a Coopliberdade


O autor

Francisco César tem 30 anos e mora no Morro da caixa D’água, na Penha (RJ). Em 2009, Francisco dividiu seu tempo entre a faculdade de Letras na UERJ, o trabalho na Agência Imagens do Povo e o curso de fotografia da Escola de Fotógrafos Populares da Maré. Trabalhando na Agência Imagens do Povo desde 2007, Chico teve seu primeiro contato com a fotografia há 6 anos atrás, quando começou a colaborar no Observatório de favelas, instituição que realiza a EFP. Desde então, começou a se interessar pela arte e pelas técnicas fotográficas, até que neste ano ingressou na turma de alunos que estão se formando na escola.
Chico também faz parte do Coletivo Multimídia Favela em Foco que é formado por alunos da EFP e que tem como principal objetivo revelar a favela sob o ponto de vista de seus moradores.

O projeto

O nome do meu projeto é Coopliberdade – Mara. A princípio, seria apenas sobre a Cooperativa Eu quero liberdade, que trabalha com o reaproveitamento de óleo de cozinha e é formada, principalmente, por egressos do sistema penal. Porém, quando comecei minha pesquisa, vi que o funcionamento da cooperativa estava prejudicado pela falta de financiamento do projeto. Faltava verba para que a cooperativa pudesse funcionar normalmente e já não havia mais quase nenhum colaborador que trabalhasse efetivamente no local. Minha idéia para o projeto era abordar dois personagens principais, e eu queria que fossem um homem e uma mulher. Nestas minhas idas à cooperativa conheci o Gilmar, um egresso do sistema penal que então me apresentou sua mãe, a Dona Marília. Mara – como gosta de ser chamada – é coletora na cooperativa e também ajuda na secretaria. Decidi então que meu projeto seria apresentado a partir da vida da Mara, e a escolhi como personagem principal por ser mulher, mãe, trabalhadora e estar envolvida num trabalho que é pouco valorizado na sociedade. Nesta minha documentação estou mostrando uma vida comum, de uma pessoa comum, que se dedica a algo que deveria ser mais respeitado e que sofre bastante preconceito com isso. Acredito que poderia ajudar muito mais se pudesse mostrar a cooperativa em pleno funcionamento, mas, quem sabe, só de expor esse tema eu possa estar contribuindo de alguma forma.


Veja a galeria de fotos do projeto Coopliberdade.






Enrico e a benzadeira Elza

O autor

Lúcio Enrico se considera um desvio na turma que está se formando pela Escola de Fotógrafos Populares neste ano, no bom sentido. Enquanto a maioria procurava na EFP um lugar para aprender ou aprimorar suas técnicas fotográficas, Enrico chegava cheio de curiosidade para descobrir o que estava por trás do projeto. Seu interese maior era conviver com Ripper (fotógrafo idealizador do projeto Imagens do Povo e da EFP) e com as pessoas que mantém a Escola funcionando para, desta forma tentar entender como o olhar fotográfico é construído, que faz com que as lentes das câmeras apontem de maneira tão bela e solidária para as questões populares. Embora conhecesse o trabalho do Ripper há muito, só conseguiu retomar o antigo desejo ao conhecer Francisco Valdean (ex-aluno da escola e hoje colaborador do projeto), numa das palestras do projeto Marco Universal, realizada pelo SESC Tijuca, em 2008.Hoje com 30 anos e envolvido com movimentos de cultura popular desde a adolescência (já fez teatro e dança popular), Enrico encontrou na fotografia uma forma de registrar essas manifestações e de se aprofundar nas histórias que existem por trás das lentes.

O projeto

Pela Tua Palavra – Dona Elza, Médica de Deus.

"Como minha vida é voltada para o estudo e aprofundamento nos temas relacionados à cultura popular, sempre pensei em desenvolver meu projeto de conclusão de curso sobre alguma dessas manifestações. Porém, na época que comecei a pensar no tema que eu desenvolveria, haviam poucas festas acontecendo na cidade; ao perceber que isso poderia comprometer meus planos, optei por mudar o recorte sem mudar o tema. Decidi então documentar a atividade de rezadeiras e benzedeiras na Maré. Inicialmente, a ideia (megalomaníaca, eu sei) era mapear todas as rezadeiras e benzadeiras locais; mas pelo tempo disponível e pela dificuldade de se fazer essa pesquisa, fui aconselhado pelo Ripper a recortar objeto. Cheguei então, com a ajuda de alguns amigos da Escola, que me forneceram os contatos de algumas benzedeiras da Maré, a personagem principal do meu projeto: Dona Elza. Iniciei uma série de visitas à casa dela com o objetivo de registrar suas memórias e informações sobre seu ofício de maneira que estas facilitassem a apreensão dos símbolos e significados contidos no ato da benzedura, me tornando então quem sabe, talvez capaz de, como diria Bresson, alinhar os olhos, a cabeça e o coração, e produzir um registro capaz de contar uma bela história desses saberes e fazeres que vem de um tempo tão antigo e que se mantém ao mesmo tempo tão vivos em muitos lugares do país.O interessante é que durante o desenvolvimento deste projeto, também minhas lembranças foram tocadas. De repente toda a minha família se viu envolvida num processo de avivamento dessas memórias, já que eu, na minha infância, fui também bastante rezado.O mais gratificante pra mim foi perceber que através do meu encontro com Dona Elza, nós dois melhoramos como pessoas. Ela me disse que incorporou novas rezas, que foram por mim apresentadas, através dos livros resgatados pela minha mãe, e eu que me senti fechando um ciclo na Escola, percebendo que, além de ter conseguido "me virar" tecnicamente para produzir as imagens, pude também me aprofundar e (re)vivenciar as questões tão essencialmente humanas envolvidas no tema.Dona Elza, muito agradecido pela acolhida! À todos os amigos da Escola, valeu pela força!E especialmente ao Ripper, muito obrigado por ter possibilitado através da Escola nossa convivência. A Humanidade precisa cada vez mais de pessoas como você. Dedico a tí esse trabalho, ao Mestre, com carinho".
Veja a galeria de fotos do projeto do Enrico.

18 de jan. de 2010

O Amor, por Márcia Farias



O autor


Márcia Farias tem 22 anos e mora na comunidade da Vila do João, no Complexo da Maré. Iniciou-se na fotografia em 2007, quando participou do curso oferecido no antigo CEASM (hoje Espaço Redes), também na Maré. Ultimamente, Márcia tem dividido seu tempo trabalhando como assistente do fotógrafo Cícero Rodrigues e fotografando e editando para o projeto Viva favela, do Viva Rio.


O projeto


O meu projeto se chama Amar é ser feliz. Nele eu quis captar as luzes da noite, inserindo gente à fotografia. Tentei capturar todo romantismo noturno, clicando casais por diversos lugares da cidade.
Pensei nesse projeto primeiramente como um desafio pessoal mesmo, pois eu não dominava bem a técnica de fotos em baixa velocidade e quis me aprimorar nisso. Então, no caso, a escolha do tema foi um pretexto para que eu pudesse desenvolver essa técnica.
Estou satisfeita pois percebo que consegui superar essa minha deficiência e estou conseguindo realizar o meu projeto.


Veja a galeria de fotos do projeto da Márcia.

Giu Alface e o Muay Thai



O autor


Moradora da Vila da Penha, no subúrbio carioca, em 2009, Giuliana teve que se dividir em idas ao Fundão (onde cursa a faculdade de Química na Universidade Federal) e à Maré, onde participou de oficinas de cinema (cinemaneiro e geração futura) e do curso na Escola de Fotógrafos Populares. O primeiro contato de Giu com equipamentos fotográficos foi ainda na adolescência, quando estudava no Colégio de Aplicação da UERJ e recebeu suas primeiras aulas de fotografia no ensino médio.


O projeto


Harang Muay Thai.

Foi difícil chegar até o meu tema final. Pesquisei vários temas até achar o Muay Thai. A minha primeira ideia era desenvolver algo sobre as prostitutas. Cheguei até a visitar algumas ONG’s que tratam do assunto mas percebi a discussão política que está por trás do assunto, vi o quanto eu teria que estudar, me aprofundar no tema e na época que comecei a pesquisar sobre isso eu estava muito corrida na faculdade, cursos, etc. Resolvi então deixar engavetado o projeto para depois retomá-lo. Pensei depois em documentar o lazer na favela, mas senti a necessidade de ter alguém que me acompanhasse para que eu pudesse andar nas favelas que eu não conhecia e ajustar as agendas com o ajudante foi o problema que me fez tomar outra direção no projeto. Comecei a documentar o lazer dos idosos e tinha minha vó como principal personagem. Quando já faltava quase 1 mês apenas para a data de entrega do projeto, percebi que o assunto não tava rendendo boas fotos - pelo menos não do jeito que eu imaginava. Enfim, me lembrei de quando assisti uma exposição daqui do Imagens do Povo no CCBB-RJ - e eu ainda nem conhecia a Escola de Fotógrafos Populares - que se chamava Esporte na Favela, que documentava a prática esportiva nas comunidades do Rio, e também de como gostei de fotografar lutas de boxe para a ONG Luta pela Paz. Isso tudo, aliado ao fato de minhas irmãs praticarem o Muay Thai, fez despertar em mim uma curiosidade sobre o esporte. Eu tinha muito preconceito antes de começar a pesquisar sobre o tema mas me surpreendi ao descobrir que o Muay Thai não é só brutalidade como a maioria pensa; há muitos ritos, técnica e principalmente disciplina.
O projeto também foi um desafio, pois não foi nada fácil fotografar a luta com grande angular; “apanhei” várias vezes, mas confesso que agora tenho até vontade de praticar o Muay Thai.


Veja a galeria de fotos com o projeto de Giu Alface.




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